Esses dias descobri que sou Growth Hacker. O termo não é difundido, nem usado no Brasil, o que faz parecer que poucos sabem o que é.
Sou uma leitora voraz e um dia a Amazon me recomendou o livro Growth Hackers Marketing. De cara, quando vi “hacker” e “marketing” na mesma frase, tive o impulso de clicar em “comprar”.
Fiquei fascinada logo nas primeiras frases.
The new job title of “Growth Hacker” is integrating itself into Silicon Valley’s culture, emphasizing that coding and technical chops are now an essential part of being a great marketer. Growth hackers are a hybrid of marketer and coder…
Então, quer dizer que growth hacker é o híbrido de marketing e programação? Não exatamente.
Não se trata do marketing tradicional, daquele que o mercado faz como via de regra. Um produto é criado e depois bombardeia o mercado com iniciativas para que as pessoas consumam. Neste modelo, o desenvolvimento do produto e o marketing são atividades separadas, executado por equipes diferentes.
No growth hacking, é o oposto. É tudo ao mesmo tempo agora. O desenvolvimento do produto e o marketing são imbrincados NA MESMA PESSOA. O engenheiro, desenvolvedor, designer trabalham focados na necessidade do usuário tão naturalmente que eles não se vêem como marketeiros.
… growth hacking is more of a mind-set than a tool kit.
O profissional não escolhe esse pensamento, metodologia ou qual for o nome que isso tenha. Simplesmente produz pensando em como as coisas serão úteis, o que fazer para tornar cada vez mais usado. Não se importa com as grandes mídias de massa, e sim a presença na web, com o alcance aos usuários, sendo possível medir praticamente tudo sobre as operações. Coisa que numa mídia televisiva, qualquer número é, na verdade, mera aproximação, se não, suposição. É uma orientação que em nada tem a ver com o marketing tradicional.
O que torna tudo tão diferente é o fato de que não é uma pessoa formada em marketing quem tem os insights. Os insights veem do pessoal totalmente técnico: o engenheiro, programador, webdesigner.
Hoje se fala muito em “compartilhar”. Porém, você consegue identificar onde isso se inicia? A ideia do compartilhamento faz parte da cultura web desde sempre. Isso mesmo, DESDE SEMPRE.
Há mais de 15 anos, autodidaticamente, aprendi o HTML. Só foi possível, porque pessoas que já dominavam o assunto, compartilhavam o que sabiam em sites e fóruns. Os técnicos da web sempre ajudaram uns aos outros, sem cobrar por isso. É incrivelmente louco como essa turma simplesmente envia código de graça. É a total subversão do que se entende por “negócio”, “lucro” etc.
Sinto orgulho em dizer que nós, que produzimos para Internet, somos os precursores da cultura web e somos norteados pela contribuição. Nesse modelo, pedimos aos usuários o feedback sobre nossos serviços/produtos com intuito de melhorar navegação, performance, qualidade de entrega, entre outras coisas, porque o objetivo é um só: ser e manter-se útil.
Quando é que uma empresa offline terá esse pensamento? Eles te ligam perguntando se o xampu que você comprou está bom, cheirosinho, limpando de verdade seus cabelos? Não, né?! Por isso que você vai lá e troca de marca.
Enquanto o marketing tradicional se ocupa da marca, o growth hacking vai se ocupar com o que é entregue agora. O branding vem anos depois, quando o produto/serviço já é usado por milhões de pessoas.
The new marketing mind-set begins not a few weeks before launch but, in fact during the development and design phase.
Nunca trabalhei com marketing tradicional, então não sei dizer se as ações do marketing iniciam pouco antes do lançamento do produto, mas posso dizer com certeza, que para nós, growth hackers, o marketing está presente durante todo o processo, iniciando-se na ideia, permeando o desenho e o desenvolvimento, e não acaba nunca, já que o conceito de Web2.0 trouxe um valor especial, a atualização constante. Quantas vezes seu xampu preferido foi atualizado? (hihihi)
Também nunca fui programadora, entendo pouco, mas codifico lindamente o HTML + CSS, com vistas ao SEO. Complicou? Isso que dizer que escrevo o código da estrutura de um site/sistema visando melhor posicionamento nos buscadores. Codificar é uma habilidade técnica, a visão de que é preciso estar presente onde as pessoas iniciam sua navegação é uma habilidade marketeira. (Segundo estudos, 85% dos usuários iniciam a navegação via buscadores).
Como bem explanado no livro A Startup Enxuta – em inglês The Lean Startup –, a pesquisa e testes junto aos usuários é constante e não há problema algum em mudar o que foi inicialmente idealizado, porque o objetivo não é inserir um produto no mercado, e sim eliminar a dor do usuário na execução de suas tarefas (pessoais ou profissionais).
Depois de ler Growth Hackers Marketing, sei que sou e sempre fui growth hacker. Eu e algumas pessoas com quem trabalhei são growth hackers por serem heavy users de Internet, por fazerem parte da história da construção e crescimento da web. Nós temos a filosofia da cultura web em nossas almas. É parte do nosso ser.
Referência:
Growth Hacker Marketing: A Primer on the Future of PR, Marketing, and Advertising, Ryan Holiday.
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